P.Tergat e Carlos Ventura - Milão |
Hoje existe interesse de um número muito grande de pessoas que correm, participam, procuram saber tudo relacionado com corridas de rua, e como todos dizem realmente é um "boom". As academias sempre com suas esteiras ocupadas, seus professores assoberbados de trabalho, revistas, notas, noticias divulgam as corridas.
O mercado de trabalho na área elevou-se sobremaneira, varios segmentos associam-se as empresas organizadoras de corridas de rua, como na área de saúde, de educação, alimentos, área textil, tudo muito importante para a evolução do setor, entretanto a condição técnica dos nossos fundistas fica a desejar, fora alguns resultados que ocorrem vez ou outra.
Temos no Brasil, verdadeiros " magos " na preparação de treinos, orientações fisiológicas, sugerindo receitas milagrosas para a obtenção de resultados em provas de fundo, como se em um passe de mágica os resultados fossem surgir.
Em contra partida os africanos continuam dando um "banho" em nossos patricios, como se fossem excepcionais extraterrenos. Esses atletas africanos esguios, silenciosos, humildes, respeitosos, alguns deles ou sua maioria mal falam nossa lingua, não conseguem se comunicar, não frequentam academias, mas suas condições técnicas e físicas são melhores sem duvida alguma.
Os atletas africanos que vivem e treinam no Brasil não são os melhores atletas africanos, eles estão se preparando para ser um dia. Nosso clima é ótimo a vida no Brasil é ótima, as competiçoes são boas e eles sabem que não treinam para ganhar dos brasileiros habitualmente, isso porque não usam todo seu potencial.
Vendo e ouvindo uma entrevista de um atleta africano, após a São Silvestre não me surpreendi com uma de suas respostas, aliás muito franca.
Foi lhe perguntado pelo entrevistador porque os africanos ganham sempre, a resposta foi :
Treinamos mais, treinamos mais duro que vocês brasileiros.
Infelizmente isto é uma verdade, pois temos atletas talvez fisicamente melhores que os africanos mas o nosso treinamento é discutivel em 90% dos casos.
Já na década de 90, Paul Tergat e outros africanos em seus treinos superavam marcas brasileiras em tiros dados em pista nos 1000 m3000 m, 5000 m, isto era uma norma diária e todos eles treinavam no seu pico máximo de possibilidade dentro da periodização sem receio de quebrar.
Em Milão em uma pista de treinamento que chamamos de Montanheta, vi inumeras vezes atletas africanos treinando como o próprio Tergat e fazendo incriveis repetições superiores a recordes brasileiros em varias distancias.
Hoje se perguntarmos aos mais de 15000 corredores que fazem a São Silvestre, sobre o que é uma pista de atletismo certamente a resposta correta será dada por uma porcentagem muito pequena, a grande maioria nunca pisou em uma, talvez seja um problema social e economico que sempre tívemos, pois nossos dirigentes esquecem que a Educação faz parte do Esporte e Educação Física não existe.
Boas corridas para todos
Carlão - técnico de atletismo
" Cria o seu ritmo livremente, como a natureza cria as arvores e as ervas rasteiras. Cria o teu ritmo e criarás o mundo " Ronald de Carvalho 1893/1935 poeta brasileiro.
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