quarta-feira, 27 de abril de 2011

Maratona de Munique

Há alguns anos levei alguns atletas  do São Paulo F.C. para participar da Maratona de Munique. Dezenas de corredores de todo o mundo estavam inscritos e meus tres atletas devido aos indices obtidos em maratonas anteriores. Posicionaram-se no pelotão de elite deste importante evento que se realiza anualmente nesta importante cidade da Alemanha.
Tive uma experiência como técnico que acredito ter sido muito importante e digna de análise.
A largada da prova aconteceu  ao lado do maravilhoso  estadio olimpico de Munique, diga-se de passagem a cidade tambem muito limpa organizada, cuidada e um povo com alto indice de civilidade.
Fazia um frio intenso, com os termometros chegando aos graus negativos, nesta circunstancia procurei orientar meus atletas sobre a importancia de um aquecimento adequado.
Embora sempre tivessemos treinado e competido na Suissa e na Italia em lugares muito frios, naquele dia me surpreendi com a temperatura.
A maratona de Munique recebeu um grande número de atletas do mundo inteiro e com bons indices.
Os organizadores muito gentis e organizados como sempre me ofereceram um carro com motorista para acompanhar a corrida e me alertaram que no percurso da prova passariamos pelo Jardim Inglês, um parque bastante arborizado em que as arvores formavam uma especie de  tunel verde e alí o frio seria mais intenso foi comprovado.
Antes da prova, durante o aquecimento, observei que o atleta a Africa do Sul cujo nome jamais vou esquecer  T´gela, estava sentado sobre uma pequena mureta  de calção e camiseta apenas, conversando com seu técnico, ele não aqueceu. Dada a largada o pelotão de elite muito forte imprimiu um ritmo alucinante, meus atletas bem aquecidos passaram a liderar o grupo de campeões, eram quase 150 atletas e os inscritos na Maratona cerca de 5000.
Fomos em direção ao centro de Munique passamos pela Marian Platz, Hofbrauhaus, a Catedral e para minha agradavel surpresa meus atletas passaram a liderar a Maratona.
Na altura dos 20 kms fui surpreendido pelo atleta da Africa do Sul o já citado T´Gela, que passou a liderar a Maratona ombro a ombro com o meu corredor Diamantino Silveira dos Santos e ao chegarmos ao Jardim Inglês o frio ficou como já era previsto muito mais intenso.
A cruzarmos por uma praça rotatória o africano cruzou a praça em linha reta sobre o gramado e o meu atleta fez o percurso demarcado dando a volta nesta praça.
Esta irregularidade nos custou o título da Maratona e adentramos no estadio Olimpico em segundo lugar cerca de 20 segundos atrás do atleta da Africa do Sul.
Com todas as nuances criadas e dúvidas sobre o certo e o errado do percurso, o T´Gela ganhou, ganhou sem aquecer com todo aquele frio.
Após a prova durante a premiação perguntei ao técnico do africano sobre o  não aquecimento do seu atletas antes da prova e ele me respondeu: sim ele fez aquecimento, aqueceu-se mentalmente.
Foi uma experiencia uma lição colocada  na estante da minha memória mostrando que a vida é um aprendizado constante.
Costumo lembrar de uma frase muito usada pelos franceses: VIVA A DIFERENÇA

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