quarta-feira, 15 de junho de 2011

MEU PRIMEIRO CROSS COUNTRY

As lembranças de nossa juventude e o passado que se distancia, são como quadros coloridos que nos fazem sonhar, rever, analisar e chegar a conclusão que a vida de cada um de nós não deve ser um desperdicio e por isso deve ser muito bem aproveitada, para que  sempre a  nossa memória possa nos remeter a momentos positivos acontecidos e que logicamente não voltarão, entretanto servem como base na orientação dos jovens que possivelmente dependam de nós e tenham anseio de prover suas vidas com fatos  bons e alicerces do seu futuro.
Eu morava na Lapa, na Rua Tomé de Souza, estudava no Colegio Campos Salles na Rua 12 de Outubro, época fascinante e de sonhos maravilhosos, as aulas de Educação Física dadas pelo Prof. Otto eram espartanas, rigidas, uniformes brancos, tennis limpos, horários britanicos, tudo era disciplina
Meu pai sempre austero procurava  dar o que podia de melhor para nossa educação, muito rígido, e um dia ouviu  eu lhe dizer: Paizinho vai acontecer uma corrida no Esporte Clube Pinheiros sòmente para estudantes, será dentro de uns 60 dias.
Meu pai me indagou: voce quer participar de uma corrida? Respondi que sim, quero correr , será uma prova de 1800m, um desafio para mim que sempre tinha como exemplo  a São Silvestre, pela Gazeta Esportiva e pela Radio Record, e os desáfios do Prof. Otto nas aulas de Educação Física  nas interminaveis e fascinantes voltas pela quadra de basket.
A dedicação do meu pai foi absolutamente incrivel, começou a me treinar todas as manhãs por volta das 5 horas, pois ele iniciava seu trabalho às 8h e eu deveria ir para o Colegio no mesmo horário.
Meu pai era engenheiro da Rhodia, e possivelmente não entendia nada de atletismo, mas mesmo assim tornou-se meu primeiro técnico, o meu entusiasmo era incrivel, a medida que o dia da prova ia chegando minha ansiedade aumentava, minha segurança era eu ter ao meu lado a imagem  do meu técnico, " seu Celestino"
Dia 18 de Outubro de 1955, dentro do seu Morris Oxford ano 54, fomos unicamente ele e eu para o Esporte Clube Pinheiros, o meu receio, meu medo começou a afluir. Já na pista daquele Clube que considero até hoje um dos melhores clubes do mundo, me apresentei para a corrida como representante do Colegio Campos Salles, era um momento de orgulho para um adolescente de 16 anos.
Para minha surpresa a competição denominada Primeira Volta do Estudante foi muito bem organizada pelo ECP, estava com cerca de 80 estudantes inscritos grande parte deles da Escola de Oficiais da Força Pública de São Paulo, alunos do Arquidiocesano, do Colegio Pais Leme, Escola Estadual Presidente Roosevelt e muitos outro Colegios.
Confesso que não sabia o que era um Cross Country até aquela data, dada a largada fiquei meio perdido  não sabendo se corria forte ou fraco, afinal os oficiais da Força Pública tinham mais idade, o dia era cinzento e chovia fraco, cruzamos parte do Clube, passamos por gramados, buracos enlamaçados, pulamos cercas, um riacho bastante cheio e após chegar  bem no fundo do Clube já perto da atual marginal Pinheiros voltamos para a encantadora pista de carvão do ECP.
Me classifiquei orgulhosamente em 14º lugar, foi a minha primeira medalha, nínguem pode imaginar o prazer e o que é o sonho concretizado de um jovem adolescente.
Hoje Prof. de Educação Física, técnico de atletismo, valorizo muito quando vejo um garoto falando de um sonho, sonho que já tive, e tambem a compreesão de um adulto, tal qual meu pai que me ajudou em treinamento e apoio e tambem soube me educar  através do esporte
Desta forma sugiro a todos os pais que não desfaçam o encantamento e sonho dos seus filhos quando eles pedirem um apoio para o que desejam fazer, colaborem, dediquem seu tempo, pois é  um investimento de longo prazo, com retorno altamente rentavel.

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