segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Paixão pela S. Silvestre


Gaston Roelants - 1968
  Desde criança, sempre fui apaixonado pela São Silvestre. Quando entrei no Curso de Educação Física na FEFISA de Santo Andre, logo na primeira aula a professora de ginástica Maria fez a seguinte pergunta aos alunos:
Porque escolheram estudar e fazer o curso de Educação Física ?
Eu  respondi que queria me formar professor para ser técnico de atletismo e fazer um corredor brasileiro ganhar a São Silvestre, foi uma gargalhada geral, mas não tive receio de falar sobre meu sonho.
Desde criança, eu ainda morava na Lapa, todos os anos ia para o Pacaembu (não deviam ter trocado o nome) assistir os meetings que a Gazeta Esportiva organizava.
Cheguei numa dessas ocasiões pular o alambrado do estádio para pedir um autografo para o Kenneth Norris da Inglaterra, ao chegar na porta do vestiário um jovem jornalista da Radio Record, me parou e me perguntou aonde eu estava indo, era o Silvio Luiz, que por fim  me ajudou a conseguir o autografo do campeão inglês sobre o gesso do meu braço esquerdo fraturado.
Estas passagens podem ser simples para qualquer pessoa, mas são muito importantes para o sonhador.
A São Silvestre acontecia durante a noite, o que era realmente um marco da passagem para um novo ano, era  glamurosa, os atletas dos países convidados tinham uma faixa sobre a camiseta com o nome do seu pais, eram facilmente identificados pelo povo nas ruas.
A meia noite as famílias se confraternizavam, com apostas  assistindo a São Silvestre, umas das últimas corridas noturnas foi em 1983, junto com o jornalista Osmar Santos transmiti pela TV Globo a vitória de João da Mata do Clube Atlético Mineiro, o Jose João naquele ano não correu devido uma fratura no braço, em função de uma queda ocorrida nas vésperas da prova, em1985 ele voltou ao primeiro posto do podium.
Osvaldo Suarez-1958
Tenho uma opinião toda particular sobre a prova, primeiramente que o número de corredores seja restrito, como New York, que ela volte ser a noite, que as medalhas sejam entregues após a prova, que aquele número enorme de africanos e outros convidados não tenham apenas um número no peito, tenham também o nome do Pais que representam, afinal o público vai a rua para vibrar para torcer e nem sabe que são os atletas correndo.
Entendo perfeitamente  necessidade comercial dos organizadores, mas entendo também a necessidade de darmos aos brasileiros, principalmente aos jovens, cultura e educação esportiva.
Que os meetings após a S.Silvestre voltem e sejam feitos na Pista do Ibirapuera, o interesse comercial é tão grande que esquecemos a história da prova pedestre  que é a mais importante do mundo na opinião de campeões  italianos como Bordim, Fava, Ambu.
Quando vencemos em 1980, recolocando o Brasil no cenário atlético internacional, o Jose João venceu 17 países, aí então vimos a qualidade da prova naquele ano.
Sou amplamente a favor da participação de atletas quenianos, pois melhoraram o nível técnico, mas sinto falta da Alemanha, da Itália, de Portugal, da  Inglaterra, França, Japão, Grécia, USA, México, Bélgica entre muitos outros.
Tenho certeza que os próprios consulados arcariam com as despesas destes atletas.
A São Silvestre é um patrimônio do Brasil, que tem registrado em sua historia a participação de grandes atletas como Carlos Lopes, Manoel Faria, Franco Fava, Viljo Heino,  Abebe Bikila, Emil Zatopeck, Kenneth Norris, Oswaldo Suarez, Gaston Roelants, Martin Hymann, Franjo Mihalic, Stritof Drago, eram meus heróis e até hoje povoam minha mente.

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